quarta-feira, 29 de junho de 2011

Literatura: Exercícios Sobre a Lírica de Camões (Parte1)

Leia os sonetos e aponte neles características da lírica camoniana.

1
Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho co tormento,
pera que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades! Quando lerdes
num breve livro casos tão diversos

- verdades puras são e não defeitos -,
entendei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos.

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2
Suspiros inflamados, que cantais
a tristeza com que eu vivi tão ledo:
eu mouro e não vos levo, porque hei medo
que ao passar do Leteio vos percais.

Escritos para sempre já ficais,
onde vos mostrarão todos co dedo,
como exemplo de males; que eu concedo
que pera aviso de outros estejais.

Em quem, pois, virdes largas esperanças
de Amor e da Fortuna, cujos danos
alguns terão por bem-aventuranças,

dizei-lhe que os servistes muitos anos,
e que em Fortuna tudo são mudanças,
e que em Amor não há senão enganos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Literatura: Classicismo - A Saudade Como Tema na Obra de Camões

O saudosismo camoniano traz à tona os episódios amorosos do passado. A saudade, algo constante e quase perene, é alimentada pelo desejo do eu-lírico de reviver o antigo sentimento, que se traduz numa triste e sofrida contradição: se por um lado a saudade funciona como um convite aos prazeres do passado, por outro tal retorno é possível somente no âmbito do pensamento, o que certamente não resolve, apenas intensifica o desejo pungente. O excerto abaixo ilustra perfeitamente esse quadro:

"Aquela triste e leda madrugada
cheia toda de mágoa e piedade,
enquanto houver no mundo saudade
quero que seja sempre celebrada."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Literatura: Classicismo - A Poesia Lírica de Camões

Luís Vaz de Camões legou à posteridade grande obra lírica. Escreveu odes, canções, elegias, églogas, oitavas, sextinas e sonetos. Em tais obras podem-se encontrar tanto uma análise profunda da existência humana como sublimes manifestações de platonismo romântico.
Apesar de profundamente influenciado por nomes como Petrarca e Garcilaso, italiano e espanhol, respectivamente, Camões imprimiu sua marca particular em cada obra que produziu, quando não igualando a genialidade dos seus inspiradores, superando-os em arte. Desse modo, não resta outra coisa senão afirmar que Camões não foi um mero reprodutor de modelos, mas um dos maiores gênios da literatura universal.
São marcas nítidas da lírica camoniana a idealização da mulher, por conta da influência de Petrarca e do neoplatonismo em vigor na época, bem como o "desconcerto do mundo", reflexão dos desencontros e contradições dos sentimentos humanos.
Para materializar tão significativa obra, Camões valeu-se não só da "medida nova", o dolce stil nuovo italiano, com seus versos decassilábicos, mas também dos versos redondilhos, que muito se prestavam a retratar de forma efusiva a figura da mulher.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Literatura: Classicismo - A Poesia Épica de Camões

Os Lusíadas, obra mais lida em língua portuguesa no mundo, foi publicado em 1572. Trata da viagem de Vasco da Gama às Índias, com o intuito de exaltar a nação portuguesa. Grande obra épica, Os Lusíadas tem 10 cantos com 1.102 estrofes (ou estâncias) de 8 versos (oitava-rima), divididos em:

1. Introdução
Subdivide-se em:
a) Proposição, em que o poeta apresenta o assunto do poema;
b) Invocação, em que o poeta invoca as Tágides (musas) como auxílio para a tarefa de compor os versos;
c) Oferecimento, em que o poeta dedica sua obra ao rei D. Sebastião.

2. Narração
Trecho em que são narradas as ações propriamente ditas. Esta é a parte mais extensa do poema.

3. Epílogo
Constitui-se no fecho da ação, em que o poeta faz as declarações finais, queixando-se da decadência lusitana.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Literatura: Classicismo

Inicia-se em Portugal em 1527, quando Sá de Miranda retorna da Itália trazendo novidades literárias, frutos do Renascimento cultural. Esse curto período literário termina em 1580, quando da morte de Luís Vaz de Camões, o grande gênio dessa época.

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Características do Classicismo

1. Imitação da antiguidade greco-romana
Os autores do Classicismo se inspiravam nas obras de Homero, Aristóteles, Sófocles, Cícero, Virgílio e Plauto. É importante, no entanto, ressaltar que nem sempre tal imitação redundou em mera cópia da produção dos gregos e dos romanos, como bem prova a produção artística de Camões.

2. Busca da perfeição formal
Os autores classicistas deram grande importância aos recursos métricos, rímicos e gramaticais, buscando atingir uma expressão clara, equilibrada e lógica. Preocuparam-se ainda com a nítida observância e distinção entre os gêneros literários.

3. Uso de hipérbato
Como imitação aos latinos, os autores do Classicismo valorizavam muito a inversão da ordem frasal e da ordem das orações no período.

4. Vasta utilização da mitologia clássica
Os autores dessa época valeram-se da mitologia greco-romana para gerar efeitos artísticos, utilizando entidades mitológicas como verdadeiros símbolos das ações e dos sentimentos humanos.

5. Universalidade
Os artistas do Classicismo buscavam as verdades eternas e universais.

6. Impessoalidade
Houve nesse período literário grande preocupação com a objetividade: o particular e o individual deram espaço ao geral e ao perene.