quarta-feira, 25 de maio de 2011

Literatura: Exercícios Sobre Teatro Humanista (Auto da Lusitânia, de Gil Vicente)

Leia o trecho abaixo, extraído do Auto da Lusitânia, de Gil Vicente, e responda às questões:

NINGUÉM: Que andas tu aí buscando?
TODO MUNDO: Mil coisas ando a buscar / delas não posso achar, / porém ando perfiando, /
 por quão bom é perfiar.
NINGUÉM: Como hás nome, cavaleiro?
TODO MUNDO: Eu hei nome Todo Mundo, / e meu tempo todo inteiro / sempre é buscar dinheiro / e sempre nisto me fundo.
NINGUÉM: Eu hei nome Ninguém, / e busco a consciência.

(BERZEBU PARA DINATO)
BERZEBUEsta é boa experiência!  / Dinato, escreve isto bem.
DINATO: Que escreverei, companheiro?
BERZEBU: Que Ninguém busca consciência, / E Todo Mundo dinheiro.

(NINGUÉM PARA TODO MUNDO)
NINGUÉM: E agora, que buscas lá?
TODO MUNDO: Busco honra muito grande.
NINGUÉM: E eu virtude, que Deus mande. / Que tope com ela já.

(BERZEBU PARA DINATO)
BERZEBU: Outra adição nos acode: / escreve aí, a fundo, / que busca honra Todo Mundo, / E Ninguém busca virtude.

NINGUÉM: Buscas outro mor bem qu'esse?
TODO MUNDO: Busco mais quem me louvasse / tudo quanto eu fizesse.
NINGUÉM: E eu quem me repreendesse / em cada cousa que errasse.

(BERZEBU PARA DINATO)
BERZEBU: Escreve mais.
DINATO: Que tem sabido?
BERZEBU: Que quer em extremo grado / Todo Mundo ser louvado, / e Ninguém repreendido.

(NINGUÉM PARA TODO MUNDO)
NINGUÉM: Buscas mais algo, meu amigo?
TODO MUNDO: Busco a vida e quem ma dê.
NINGUÉM: A vida não sei que é, / a morte conheço bem.

(BERZEBU PARA DINATO)
BERZEBU: Escreve lá outra sorte.
DINATO: Que sorte?
BERZEBU: Muito garrida: / Todo Mundo busca a vida, / E Ninguém conhece a morte.

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1. Encontre no trecho acima evidências:
a) de que o autor quer corrigir os costumes através da sátira;
b) de traços medievais presentes na obra de Gil Vicente;
c) de traços renascentistas presentes no teatro vicentino.

2. De que recurso Gil Vicente se valeu para jogar com o sentido das palavras?

3. Gil Vicente, através de uma personagem nesse Auto, faz uma crítica à sociedade.
a) Qual é essa crítica?
b) Através de que personagem essa crítica é feita?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Literatura: Humanismo - O Teatro Humanista

Gil Vicente é considerado o fundador do teatro português. Sua obra, de caráter popular, trata de temas bastante ligados à tradição medieval: apesar de ser um humanista, vivendo no auge da crise de valores que assinala esse período de transição, Gil Vicente e seu teatro estão mais para a medievalidade do que para a modernidade, como assinala a crítica especializada.
Crítico e mordaz, Gil Vicente castigou amplamente a sociedade de sua época, colocando em evidência os erros e os vícios do clero, dos nobres e do povo, sem reservas. Alguns veem nessa atitude demasiadamente crítica um apego ao passado e até mesmo uma proposta de volta aos valores antigos, aos quais, evidentemente, encontra-se muito ligado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Literatura: Humanismo - A Prosa Humanista

Humanismo é o nome dado ao período literário que assinala a transição do teocentrismo medieval para o antropocentrismo renascentista. O Humanismo em Portugal cunhou dois grandes talentos: Fernão Lopes, iniciador da historiografia portuguesa, e Gil Vicente, iniciador do teatro português.

A Prosa Humanista

Fernão Lopes é o principal nome da prosa do humanismo português. Sua importância reside no fato de ter sido capaz de tratar a historiografia portuguesa com enfoque científico. Investigativo, angariava dados e informações em mosteiros e igrejas, dando-se ao trabalho de consultar livros, correspondências e até mesmo pessoas com o propósito de embasar-se mais e melhor. O resultado dessa investigação é uma obra bastante expressiva. Como cronista, Fernão Lopes foi capaz de apresentar fatos econômicos como influência incontestável nos destinos do ser humano, além de colocar o povo como agente da História. Por exemplo, na obra intitulada Crônica de El-Rei D. João I, considerada sua melhor obra, Fernão Lopes apresenta o povo como herói.

Além de Fernão Lopes, outros cronistas se destacaram nessa época:
a) Gomes Eanes de Azurara;
b) Rui de Pina;
c) Garcia de Resende (também poeta).


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Literatura: Trovadorismo - A Prosa Trovadoresca

Surgem no século XIII as Novelas de Cavalaria. Originalmente eram poesias que versavam sobre temas guerreiros, as chamadas canções de gesta, passando posteriormente a ser redigidas em prosa. Divididas em ciclos, as novelas de cavalaria são assim agrupadas:

1. Ciclo Carolíngio: contam a história do rei Carlos Magno e os doze pares de França;
2. Ciclo Clássico: abordam temas relativos à Antiguidade Greco-Romana;
3. Ciclo Arturiano: contam as aventuras do rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Além das novelas de cavalaria, floresceram também as seguintes manifestações paraliterárias:

1. As hagiografias, sobre a vida dos santos;
2. Os cronicões, precursores da historiografia portuguesa;
3. Os livros de linhagem, registros contendo nomes com a intenção de esclarecer graus de parentesco.