Álvares de Azevedo é considerado pela crítica como o melhor poeta ultrarromântico brasileiro. Apesar de sua poesia ser carregada de "spleen", de seus versos deixarem evidente todo o conteúdo byroniano que influenciou sua obra, Álvares de Azevedo ousou romper com o estereótipo ultrarromântico em vários momentos de sua poética. É justamente nessa ruptura que está sua maior contribuição à literatura brasileira: Álvares de Azevedo foi dos primeiros a utilizar em poesia a descrição de objetos do cotidiano, como por exemplo o cachimbo, a cama, os livros; foi também o pioneiro em introduzir a ironia em seus versos, deixando transparente um sarcasmo tipicamente adolescente.
Os fragmentos abaixo exemplificam bem a contribuição de Azevedo:
Fragmento 1
"Metido num tonel... na minha cômoda
Meio encetado o copo ainda verbera
As águas d'ouro do Cognac fogoso,
Negreja ao pé narcótica botelha
(.................................................)
Ali mistura-se o charuto havana
Ao mesquinho cigarro e ao meu cachimbo.
A mesa escura cambaleia ao peso
Do titâneo Digesto, e ao lado dele
Childe-Harold entreaberto ou Lamartine
Mostra que o romântico se descuida.
(.................................................)"
Fragmento 2
"(................................................)
Esta noite ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!"