quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Literatura: O Romance Romântico

O Romantismo implantou definitivamente o romance no Brasil. A crítica literária tem reconhecido no seguinte critério uma maneira bastante eficaz e didática de estudar as produções romanescas dessa época:

1. Romance Histórico
Com o objetivo de caracterizar a história do nosso país, os romances históricos buscam reconstituir os fatos que, de algum modo, marcaram a edificação da nacionalidade brasileira. Nesse sentido, pode-se afirmar que As Minas de Prata, de José de Alencar, é bom exemplo de romance histórico. Vale ressaltar que houve flagrante intenção de usar os exemplos do passado para incentivar condutas no presente, daí o aspecto ideológico inquestionável dos romances históricos.

2. Romance Urbano
Também chamado romance de atualidade, o romance urbano, em geral, trazia a cidade do Rio de Janeiro como cenário dessas produções folhetinescas. O casamento era sempre o alvo perseguido pelas personagens. Tratava-se de uma produção literária altamente moralista, em que se pode perceber um viés ideológico que sugere, subrepticiamente, o imobilismo social. Grande exemplo de romance urbano é A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
É bom lembrar que o grande autor do Realismo brasileiro, Machado de Assis, iniciou sua carreira ainda nos ares românticos. Obras como Helena, Ressurreição e  A Mão e a Luva são exemplos acabados da primeira fase (romântica, portanto) de Machado.

3. Romance Indianista
A temática indianista esteve presente na literatura brasileira desde o Arcadismo. No romance, o grande nome do indianismo é José de Alencar, cujas obras O Guarani, Iracema e Ubirajara podem ser citadas como expoentes dessa temática. Os romances indianistas quase sempre apresentam o indígena de maneira estereotipada.

4. Romance Regionalista
Buscando aspectos culturais típicos das regiões interioranas do Brasil, o romance regionalista assumiu características importantes ao revelar preocupações sociais que tendiam ao universalismo. Tal traço o distinguiu, principalmente porque é o primeiro passo de uma tendência que se consolidou apenas no Modernismo (século XX). Representam o romance regionalista as obras A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, O Sertanejo, de José de Alencar e Inocência, do Visconde de Taunay.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Literatura: Os Temas da Mulher e da Morte na Obra de Álvares de Azevedo

Elemento constante em sua poética, a mulher na obra de Álvares de Azevedo ora aparece como virgem adormecida, inatingível, pálida, inocente e santa, ora como prostituta.
Tão recorrente quanto o tema da mulher é o tema da morte, visto por alguns como prenúncio do seu trágico e prematuro fim. É curioso observar que associados à ideia da morte estão termos como pálido, macilento, palor, palidez, extremamente frequentes nas obras do jovem poeta.

Fragmento 1:

"Na praia deserta que a lua branqueia
Que mimo! que rosa! que filha de Deus!
Tão pálida - ao vê-la meu ser devaneia,
Sufoco nos lábios os hálitos meus!
          Não corras na areia,
          Não corras assim!
          Donzela, onde vais?
          Tem pena de mim!
(...............................................................)"


Fragmento 2:

"Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
          Em pálpebra demente.
(...............................................................)

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro.
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro...
(...............................................................)

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
(..............................................................)



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Literatura: Álvares de Azevedo, o Maior dos Poetas Românticos

Álvares de Azevedo é considerado pela crítica como o melhor poeta ultrarromântico brasileiro. Apesar de sua poesia ser carregada de "spleen", de seus versos deixarem evidente todo o conteúdo byroniano que influenciou sua obra, Álvares de Azevedo ousou romper com o estereótipo ultrarromântico em vários momentos de sua poética. É justamente nessa ruptura que está sua maior contribuição à literatura brasileira: Álvares de Azevedo foi dos primeiros a utilizar em poesia a descrição de objetos do cotidiano, como por exemplo o cachimbo, a cama, os livros; foi também o pioneiro em introduzir a ironia em seus versos, deixando transparente um sarcasmo tipicamente adolescente.
Os fragmentos abaixo exemplificam bem a contribuição de Azevedo:

Fragmento 1

"Metido num tonel... na minha cômoda
Meio encetado o copo ainda verbera
As águas d'ouro do Cognac fogoso,
Negreja ao pé narcótica botelha
(.................................................)
Ali mistura-se o charuto havana
Ao mesquinho cigarro e ao meu cachimbo.
A mesa escura cambaleia ao peso
Do titâneo Digesto, e ao lado dele
Childe-Harold entreaberto ou Lamartine
Mostra que o romântico se descuida.
(.................................................)"

Fragmento 2

"(................................................)
Esta noite ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!"

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Literatura: A Poesia Romântica

São três as gerações da poesia romântica no Brasil:

1. Primeira Geração - É a geração que se desenvolveu na década de 1830, marcada pelo indianismo, pelo nacionalismo e pelo lirismo subjetivo. Representam essa geração Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.

2. Segunda Geração - Denominada de byroniana e ultrarromântica, a segunda geração romântica tem em Álvares de Azevedo seu maior expoente e o melhor representante do "mal-do-século" que permeou a arte poética dos jovens escritores que cedo morreram. É a geração dos insatisfeitos com a vida cotidiana. A poesia do ultrarromantismo está repleta de tristeza, de lamento, de "spleen" (tédio da vida);  a solidão e a morte são temas recorrentes nos versos dessa geração, que tem no escapismo a nota tônica. Verifica-se ainda na poética da segunda geração do romantismo brasileiro um lirismo amoroso no plano subjetivo, associado quase sempre à temática da morte. Além de Álvares de Azevedo, outros nomes representam os poetas ultrarromânticos nos Brasil, dentre os quais merecem destaque Fagundes Varela, Junqueira Freire e Casimiro de Abreu.

3. Terceira Geração - É a geração do Condoreirismo. Castro Alves, o chamado "poeta dos escravos", é o maior nome da geração que teve em Vítor Hugo símbolo e inspirador, daí dizer-se também geração hugoana. Nessa terceira fase da poesia romântica no Brasil, que preparou o caminho para o despontar do estilo realista, surge a temática social engajada: questões como a abolição da escravatura e a República despontam nessas obras literárias assinalando que o período é de transição.