quarta-feira, 27 de julho de 2011

Literatura: Origens e Formação da Literatura Brasileira

Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, chegou também a arte literária. A Carta de Achamento do Brasil, escrita por Pêro Vaz de Caminha, inaugurou a literatura escrita em solo brasileiro. A esse período tem-se chamado época de formação e origens, que se insere entre 1500 e 1601, quando Bento Teixeira publica sua Prosopopeia, inaugurando o Barroco no Brasil.

Durante esse século inicial, toda a produção literária feita em solo brasileiro foi assinalada por uma permanência nítida de traços medievais, em mistura a certos preceitos renascentistas. Tal produção serviu principalmente aos propósitos jesuíticos e catequéticos, e também à informação sobre a nova terra descoberta. A intenção doutrinária e pedagógica prevaleceu, então, sobre a preocupação estética ou artística, salvo raras exceções.

Principais Autores e Obras Desse Período:

 
1. Pêro Vaz de Caminha escreveu a Carta de Achamento do Brasil, datada de 1º de maio de 1500. Tal Carta ficou inédita até o ano de 1817. Escrita em 27 folhas, em estrutura com começo, meio e fim, a Carta deve ser compreendida como o cumprimento de um dever: uma vez que Caminha era escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, estava ele incumbido de dar informações ao rei D. Manuel sobre a descoberta do Brasil. Entretanto, a crítica literária assinala que Caminha imprimiu às frases que compõem a Carta todo seu entusiasmo e admiração em relação às novidades encontradas na nova terra.
Monumento em homenagem ao Pe. José
de Anchieta em Ubatuba - SP
2. José de Anchieta, apesar de muito doente, desenvolveu expressivo trabalho no Brasil. Sua produção, vigorosa, compreende poesias, um poema elegíaco denominado De Beata Virgine Dei Matre Maria, um poema em homenagem ao governador Mem de Sá, e obras em prosa, sob o título de Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões de José de Anchieta, além de A Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil.

3. Manuel da Nóbrega escreveu Cartas do Brasil e Diálogo Sobre a Conversão do Gentio.

Além desses, ainda há os seguintes nomes: Fernão Cardim, Leonardo Nunes e João de Aspilcueta Navarro. Entretanto, não são grandes destaques do ponto de vista literário.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Literatura: Exercícios Sobre a Lírica de Camões (Parte 3)

Depois de ler os sonetos abaixo, identifique e analise as características camonianas neles existentes.

1
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.

É um querer mais que bem-querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade,
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode o seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

_______________________________

2
Busque Amor novas artes, novo engenho
pera matar-me, e novas esquivanças,
que não me pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças,
que não temo contrastes nem mudanças
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;

que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei por quê.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Literatura: Exercícios Sobre a Lírica de Camões (Parte 2)

Leia os sonetos seguintes e identifique e analise as características camonianas neles existentes:

1
Doces e claras águas do Mondego,
doce repouso de minha lembrança,
adonde a falsa e pérfida esperança
longo tempo trás si me trouxe cego;

de vós me aparto, mas porém não nego
que a memória que de vós me alcança
me não deixa daqui fazer mudança,
mas quanto mais me alongo, mais me achego.

Não quero de meus males outra glória
senão que lhe mostreis em vossas águas
as dos meus olhos, com que os seus se banhem.

Já pode ser que co minha memória,
vendo meus males, vendo minhas mágoas,
as suas com minhas se acompanhem.

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2
Tanto de meu estado me acho incerto
que nem vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio;
o mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que nem mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.